CAIXATRIZ - A Contadora de Histórias
Uma história escrita e fotografada por Joba Tridente
com a participação da Caixa Contadora de Histórias,
que fez questão de posar como modelo.
Era uma vez uma pequena Caixa branca que, vazia de conteúdo, foi jogada no lixo. Ela ficaria ali, amassada com outras embalagens, se um Artista que fazia compras não a (ou)visse pedindo socorro.
A Caixa não achava justo aquele destino indigno. Ela, que tinha carregado embalagens de Chá de Jasmim, temia desaparecer aos poucos, sendo rasgadas pelo vento, pisoteada, carregada pela enxurrada de chorume..., num lixão qualquer. A Caixa sabia que precisava chamar a atenção do artista. Num esforço sobre-embalagem conseguiu mexer uma de suas abas, provocando um estranho ruído só percebido por ele. E ficou feliz quando o Artista a olhou e a recolheu da cesta de lixo. Mas não gostou dele ter confirmado com o Vendedor de Chá se ele a tinha mesmo jogada fora e se poderia ficar com ela. Como o Vendedor de Chá disse que sim, o Artista a carregou consigo.
Chegando em casa o artista percebeu que a bela Caixa estava muito abatida, por causa dos amassados e alguns cortes. Ele se pôs a cuidar dela, reforçando as suas abas, alisando as suas laterais e crepeando os seus rasgados com uma fita especial. Aos poucos a Caixa foi retomando a sua forma original e sentindo-se mais forte quis agradecer ao artista, mas logo percebeu que estava ainda muito fraca e não conseguia vê-lo ou se comunicar com ele.
Na verdade a Caixa não conseguia ver ou se comunicar com o Artista porque ele não estava ali no estúdio, onde a deixou se recuperando. Ele estava numa outra sala procurando algo que pudesse reavivá-la. Algo que pudesse transformá-la. E quando voltou, já sabia como fazer isso.
O Artista aproveitou que a Caixa estava descansando desmontada em cima da mesa e começou a operá-la. Primeiro colocou-a em pé e sentiu que ela ainda estava meio bamba.
Em seguida recortou um par de olhos, que na verdade eram duas letras “O”, de uma embalagem de chá e colou nos orifícios da parte frontal.
Depois, pegou um cordão, testou vários tamanhos e formas, e decidiu por um modelo de nariz.
Em seguida recortou uma língua, numa sobra alaranjada de papel, e colou numa aba inferior. E gostou do resultado.
Mal terminou a sua operação resgate a Caixa destrambelhou a falar e a contar da sua origem, das suas viagens, do carregamento perfumado do Chá de Jasmim e...
O Artista, feliz com a vida que retornara à Caixa, a convidou pra trabalhar nos seus espetáculos de Contação de História. A Caixa aceitou imediatamente.
Dos palcos ela passou pras salas de aulas das Oficinas, servindo de modelo da sua própria história. Hoje, ela está meio aposentada. Mas ainda conta muita história. É só pedir...
NOTA: Quero deixar claro que esta simulação foi realizada em meu apartamento, cercada de todos os cuidados. Em momento algum foi criada alguma situação de constrangimento ou que colocasse em risco o corpo (idoneidade) da Caixatriz que, inclusive, se ofereceu para representar a si mesma nesta reconstituição que foi discutida antecipadamente, inclusive, com o seu agente.
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