Azuleia..., a Espanadora que virou
Princesa
criação sustentável de Joba Tridente
Hoje sou
chamada de Azuleia, mas já não tive
nome algum..., no tempo que já vai longe, quando era uma simples espalha-pó, ou mera espanadora, um utensílio doméstico que o Joba comprou numa loja de
R$1,99.
Tenho vagas lembranças do meu passado (talvez não queira lembrar mais) num distante país asiático, onde pequenas e ágeis mãos pegavam pequenos tufos de fibras plásticas azuladas e as pregavam num cabo roliço.
À
primeira vista parecia uma dançarina havaiana com sua bela e brilhosa saia de
ráfia..., mas só que sem cabeça e ou qualquer membro. Mas ao menos parecia com
alguma coisa. Milhares e milhares de mim mesma, sem identidade ou algum traço
de personalidade, eram produzidas da mesma forma. Não sabia ainda do meu
destino e ou função de espanadora em
algum lugar do vasto mundo..., até chegar ao Brasil, mais precisamente em
Curitiba, no Paraná e ser comprada pelo Joba e, sob seu comando, tirar (ou espalhar de um lugar para o outro) o pó
de seus objetos artísticos.
Assim
foi a minha vida por anos. Com o tempo os filamentos foram encrespando e quando
já não servia para mais nada e acreditava que o meu destino seria o cesto de
lixo, o Joba me surpreendeu, dando-me uma cara, um corpo, uma personalidade e
um nome de princesa: Azuleia. Fênix
renascida do pó que tanto espalhei, me sinto revigorada e cheia de histórias
pra contar. Mas, por enquanto, vou falar apenas do processo da minha
transformação.
O Joba, que trabalha com Arte Sustentável há décadas, primeiro juntou um monte de “tralhas”, para experimentar o que me cairia melhor: carretel de linha, roldana de VHS, ruelas plásticas, prendedores de cabelo, parafusos, lacres de embalagem tetra pak e não sei o quê mais. Essas peças plásticas que me servem de braços e mãos (mas que também poderiam me servir de pernas e pés), por exemplo, ele não tem a menor ideia do que são.
Eu acho que são partes de
algum aparelho eletrônico americano: a que está do meu lado direito tem um “L”
de “left” (esquerda) e a que está no meu lado esquerdo tem um “R” de “right” (direita).
Sim, eu sei que é de dar nó no cérebro, mas a arte é assim mesmo...,
provocativa e contraditória! O que está à direita, hoje, pode estar à esquerda,
amanhã, e vice-versa (ou: visse o verso!).
Bem,
continuando, ele primeiro pegou dois alfinetes de cabeça verde, desses usados
em demarcação de roupas ou mapas e fez meus olhos..., foi assim que enxerguei o
material que me daria forma e ou reforma. Depois, testou parafusos até encontrar
este, que me serve de gracioso e hexagonal nariz. A boca surgiu numa pincelada
carmim sobre a cabeça do prego que prende a minha cabeleira crespa ao cabo/corpo
roliço. Quanto à boca, há uma promessa de plástica..., assim que possível.
Depois
ajustou os braços “L” e “R” ao carretel (que me veste) e, com um protetor de
barbeador descartável, adaptou um cesta para eu carregar estrelas, flores etc.
Os cabelos crespos ele
encrespou ainda mais. Tentou vários penteados e amarras. No final, acabei
gostando do resultado.
O bom dessa cabeleira toda é que é possível sempre mudar
o penteado. Só não sei se dá pra fazer a tal de "chapinha".
Os sapatos, ainda bem que ele teve o bom senso de substituir. Confesso que não
gostei dos primeiros grandes e brancos que escolheu. Os azuis são mais
delicados e combinam com meu cabelo.
As joias nas tiaras e no vestido longo
negro, com escandaloso aramado na barra, são bijuterias que ele encontrou jogadas
na rua.
Então,
foi assim que ganhei porte e depois nome de princesa: Azuleia. Sim, eu sei, a minha beleza é peculiar ou singular e
depende muito do ponto de vista e da sensibilidade de quem me vê e ou me toca.
Acho
que é isso. Como sou bem articulada, volto em outra ocasião para contar
histórias do Joba e ou falar do que há de novo em mim.
Azuleia..., a Espanadora que virou Princesa
criação e fotos de Joba Tridente
*
JOBA TRIDENTE
Artista Plástico
- Individuais: 1991
- Sagrados e Profanos -
Hall da Secretaria de Estado da Cultura do Paraná - Curitiba-PR; 1986 - Sagrados e Profanos - Galeria “B”
da Fundação Cultural do Distrito Federal - DF; 1984 - Arteveste -
Galeria Jegue Elétrico - DF; 1983 - I
Comício Cósmico de Brasília - Centro Cultural Le Corbusier – DF
e Arte Alternativa II e III -
Galeria Jegue Elétrico - DF; 1982 - Arte
Alternativa - Galeria Jegue Elétrico – DF.
Artista Plástico - Coletivas: 2015 - Bench Artes - São Paulo-SP; Nem Tudo Termina em Pizza - São
Paulo-SP. 2013 - Mail Art Cupcake -
MuBE - Museu Brasileiro de Escultura. 2000 - Fandango Subindo a Serra - SESC da Esquina -
Curitiba-PR. 1997 - Guido
Viaro, 100 Anos: Interpretação 97 - Museu de Arte do Paraná - Curitiba
- PR. 1996 - V Concurso de Presépios -
Memorial da Cidade de Curitiba - PR; 1994 (itinerante: 1995/1996) - Suite Vollard, Picasso - Uma Interpretação
Paranaense - Museu de Arte do Paraná - Curitiba - PR; 1987 - Salão de Artes Plásticas de Brasília -
Galeria da Fundação Cultural do Distrito Federal - DF e Levante Centro-Oeste - Galeria da
Fundação Cultural do Distrito Federal - DF; 1986 - Salão de Artes Plásticas de Brasília - Galeria “B” da Fundação
Cultural do Distrito Federal - DF; 1983 - I salão de Arte Mística/Mítica/Mediúnica - Hall da Prefeitura
Municipal de Petrópolis - RJ e II
Salão de Arte Mística/Mítica/Mediúnica - Centro de Convenções de
Brasília - DF; 1977 - II Salão de
Arte e Pensamento Ecológico - Touring Club de Brasília - DF; 1974
- I Encontro de Artes do ABC -
Hall do Teatro Municipal de São Bernardo do Campo - SP.
Artes Gráficas, Humor e Quadrinhos: 1997 - 1ª Mostra da Ilustração Paranaense -
Museu de Arte Contemporânea do Paraná - Curitiba - PR; 1993 - Bienal Internacional de Quadrinhos do Rio de
Janeiro - RJ; 1991 - Arkivo
Gráphico - Gibiteca de Curitiba - PR; 1980 - Brasília 20 Anos -
Hall do SESC - DF e Caricatura
e Desenho de Humor de Ontem e de Hoje - Criatura-I - Exposição
itinerante organizada pela FUNARTE em: DF/SP/RJ/BA/CE/PR; 1977 - II Salão de Humor de Brasília -
Fundação Cultural do Distrito Federal - DF; 1976 - Salão de Humor de Brasília - Fundação Cultural do Distrito
Federal - DF.
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